segunda-feira, 19 de maio de 2008

Minha saga no Linux

Publiquei isso ontem no meu antigo blog, e resolvi inaugurar esse aqui com o texto na íntegra.




Do Slackware ao Gentoo...

Vou começar pelo começo. Houve uma grande explosão, a matéria se agrupou em átomos, as galaxias se formaram. Ao redor das estrelas, a matéria se condensou em planetas...

Um pouco depois, em 1994, um estudante de Engenharia na UFRJ, empolgado com o desenvolvimento de software distribuído em UNIX (Ultrix 32, em estações DECstation 4000) esbarrou no Linux. Era um kernel de um sistema operacional POSIX, que acabara de chegar a sua versão 1.0. Na verdade, era a versão 1.0.23, na primeira vez que ele viu, e ficou empolgado com a possibilidade de instalar isso em casa e ter todas as vantagens que não encontrava na dupla MS-DOS 5.0 e Windows 3.0 (sim, 3.0!). Nessa época, a única distribuição disponível era o Slackware, em 26 disquetes. O brinquedo era interessante, mas as constantes quebras em atualizações do kernel (1.0.89, por exemplo, não bootava e corrompia o disco) fizeram o Linux ficar esquecido.

Já em 1999, o engenheiro já formado, resolveu tentar de novo, pois ouvira falar de uma distribuição nova, com um mecanismo capaz de simplificar as atualizações. Era o RedHat, já facilmente encontrado em revistas de CD para um público alvo bem definido (por exemplo, a revista Geek, voltada para, bem, geeks). O RedHat era legal, usava o novíssimo kernel 2.0, muito mais estável. Sem que o engenheiro soubesse, o chapéu vermelho escondia a face do mal, e o levou para o famígero RPM hell. Esse era um mal que assolava o RedHat, e que criava problemas seríssimos de dependências circulares que bloqueavam todas as tentativas de update. O pior: por várias vezes, essas dependências apareciam entre pacotes básicos, ou seja, bastava o básico do RedHat estar instalado pra acontecer. Frustrado, o engenheiro largou o Linux pela segunda vez, mas nunca se conformou.

Em 2002, esse engenheiro foi catapultado pela empresa em que trabalhava para uma outra cidade, onde, obviamente não conhecia ninguém. Havia acabado de terminar um namoro longo, e procurava um hobby, quando o Linux reapareceu em seus pensamentos. Conversando com um colega recém-chegado na empresa, o engenheiro descobriu que as distribuições haviam se multiplicado, e que duas valiam a pena ser tentadas: Debian e Gentoo. O engenheiro resolveu partir para o Debian que possuia um mecanismo de atualização parecido com o RPM, mas a administração das atualizações evitava as dependências circulares. No entanto isso era levado tão a sério, que as versões dos aplicativos era extremamente desatualizada. Em resumo, o Debian era Débil!

Nessa mesma época, esse engenheiro pegou seu primeiro link de banda larga, um ISDN de 128kbps. Era hora de tentar o Gentoo, com sua abordagem radical de compilar tudo do zero, o que garantia que não haveria dependências não resolvidas. Baixou o CD do Gentoo 1.4 e resolveu instalar. O Gentoo oferecia três tipos de instalação, e ele, é claro, escolheu a mais radical: stage 1. Nessa instalação tudo, inclusive o gcc era compilado do zero. O engenheiro levou 3 dias para compilar o sistema base, e mais 3 dias para compilar o KDE. No sétimo dia, ao invés de descansar, teve que reinstalar o Windows XP, pois na pressa de fazer o Gentoo funcionar, passou o HD errado para o mke2fs e mandou tudo pelos ares.

O Gentoo era o paraíso. Tudo funcionava, e o namoro durou 5 anos, até 2007. Os problemas começaram um pouco antes, pois o engenheiro já estava cansado de ter que esperar 20 horas para as atualizações compilarem. Havia chegado o momento de procurar outro caminho.



Do Gento ao Fedora, e do Fedora ao Ubuntu...

Após avaliar todas as opções, o engenheiro escolheu o Fedora, em sua versão 7, como a melhor opção. O Fedora 7 nem esquentou o micro. Era tão focado em segurança que sua configuração do SELinux não permitia fazer nada! Aborrecido, em 15 dias o engenheiro tentou a segunda opção: o Ubuntu, na versão 7.10.

A primeira surpresa do engenheiro foi quando o Ubuntu se instalou em 2 minutos (!), sem reclamar de nada e advinhando a maior parte das opções! Uma maravilha. Mas na mão do engenheiro, o brinquedo quebrou, de tanto que ele mexeu nas configurações de som. Ele pensou em reinstalar, mas faltavam apenas 3 dias pro lançamento da versão 8.04, e então resolveu instalar essa nova versão do zero.

Do Ubuntu ao Fedora... E de volta para o Ubuntu!!

Primeiro problema: quando o sistema entrava no X, tudo que aparecia eram linhas verdes verticas. Tempo perdido! O engenheiro levou um tempo para descobrir como ativar o driver VESA e instalar. Um tanto frustrante, especialmente por que o driver da nVidia também não estava legal, e se recusava a ir além de 60Hz de refresh rate.

Novamente, o canto da sereia: o Fedora 9 foi lançado e o engenheiro, empolgado tentou instalá-lo. Dessa vez, o pessoal do Fedora exagerou! TUDO era beta, inclusive o X, que não era compatível com o driver da nVidia. Ficar restrito ao driver VESA, em 60Hz era sua sina!

O engenheiro então fraquejou:
- Vou formatar essa m... toda e deixar tudo com o RWindows!!

Então seu coração apertou, e ele resolveu dar uma segunda chance ao Ubuntu 8.04. Já sabendo os problemas que enfrentara na primeira tentativa, utilizou as lições aprendidas para conseguir instalá-lo em 2 minutos, como havia feito no passado! A comunidade do Ubuntu, mais ativa, já havia encontrado soluções para todos os problemas encontrados, como o Java, o refresh dos drivers da nVidia.

O engenheiro e o Ubuntu resolveram suas diferenças, e foram felizes para sempre... Pelo menos nos últimos dois dias!


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