quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Se não puder convencê-los, confunda-os!



Uma das melhores formas de esconder problemas é generalizar, e, neste ponto, a Light S.A. tem se mostrado especialista.

Ao declarar que as quedas constantes de luz em diversos bairros do Rio de Janeiro são devidas apenas ao excesso de consumo ela generaliza, e esconde problemas de planejamento de médio prazo e na manutenção de equipamentos.

O problema causado por falta de manutenção pode ser facilmente visto na rua Carlos Vasconcelos, na Tijuca, entre as esquinas das ruas dos Araújos e Moura Brito. Neste local, um reparo mal-feito (mostrado na foto) encontra-se prestes a causar um novo curto-circuito na rede.

Na noite do dia 18 para 19 de janeiro, uma forte chuva atingiu o Rio de Janeiro. Logo após a chuva, o suporte de um dos cabos do transformador que alimenta este quarteirão se rompeu, fazendo com que este cabo caísse sobre os outros provocando um curto-circuito. A equipe de emergência foi acionada e, por volta de 2:00 do dia 19, a Light começou o serviço de reparos, que terminou as 7:00.

O reparo, no entanto, não substituiu o suporte dos cabos, e, na madrugada do dia 4 de fevereiro, as emendas feitas cederam e o cabo caiu por sobre os outros, provocando novamente um forte curto-circuito.

A equipe de emergência foi novamente acionada, chegando ao local por volta de 3:00. Às 4:00, tendo considerado o reparo feito, o técnico religou o fusível, mas como o cabo ainda se encontrava em contato com os cabos abaixo, houve novamente um grande curto. O reparo reiniciou, terminando por volta de 6:00.

Ainda no dia 4 de fevereiro, por volta de 15:00, o reparo cedeu, e mais um curto-circuito pode ser ouvido nas ruas do bairro. Uma equipe de manutenção com dois carros e três técnicos chegou as 18:00, terminando o reparo por volta de 20:30.

Na noite do dia 5, ocorreu um novo curto-circuito. A emergência foi acionada as 23:50, mas só chegou ao local por volta de 8:15 da manhã do dia 6.

Enquanto aguardava a equipe, uma boa parte dos moradores da região (inclusive este que vos escreve) notou algo errado no conserto: o cabo estava sendo sustentado por uma corda, amarrada no transformador do poste.

Ao questionar sobre o motivo do cabo ser sustentado por uma corda e não por isoladores, fui informado, primeiramente, que "não era da minha conta", e depois, ao me identificar como engenheiro eletrônico, que se tratava de um reparo de emergência, e que seria colocado no relatório para que uma equipe de manutenção corrigisse o problema.

Hoje, 11 de fevereiro de 2010, o cabo continua lá, sustentado por um pedaço de corda de algodão que cede um pouco todo dia, em uma contagem regressiva para um novo curto-circuito.



UPDATE (11/2, 19:34): A corda cedeu totalmente, e agora o cabo encontra-se praticamente encostado no outro. Prevejo mais uma noite de calor, assando no forno que é o verão do Rio de Janeiro sem ar-condicionado! Amanhã tiro fotos e coloco aqui!

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